quinta-feira, 24 de março de 2011

Umbigo do Mundo

Andando sob calçadas sujas
Avisto um velho jornal
Onde notícias calorosas
Divulgam princípios interligados
Pelo umbigo do mundo.

De repente um dilúvio se aproximou
Levando a quentura do inverno
Para o interior dos seres mastigados
Ajustando-os por um remoto controle.

Eis que o elo maternal desprendeu-se
Dos princípios que adormeceram e se perderam
Por entre bueiros profundos
De sarjetas mundanas e sujas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mercado de Consumo

Simples é o ato da compra:
Basta um carro do ano,roupas de marcas
E pronto!
Têm-se o "amor" e "amizade" que quiser.
Não precisa mais que isso,não é mesmo?!

Pura bobagem ilusória!
Quem se submete a ser comprado pelo dinheiro
não sabe o quão mediocre se tornou
E quanta pobreza espiritual adquiriu!

Nos classificados da semana
Liquidação de mulheres,imperdível!

Posso ousar a dizer :
Tudo isso não passa de 'felicidade' artificial
Uma inversão de valores sem volta
De um mundo às avessas e imoral!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Esperança da Liberdade

Um cheiro de terra passou em meu olfato aguçado
É a simplicidade me chamando para vê-la.
Chegando lá,pássaros e flores me esperam
Como se estivessem me convidando a conhecê-las.

A água descendo por entre a verde floresta
Vem trazendo notícias de que lá de cima da montanha
Há um lugar singelo e glamuroso
Onde a esperança grita para ser descoberta.

Assim me vejo no topo da montanha
Sendo recepcionada pela mãe natureza
Com um pôr-do-sol colorido de vermelho
E uma relva crescendo no seu próprio tempo.

E assim,senti uma leve brisa
Me chamando para salvar a liberdade
Onde um dia foi :
O Tudo,o Ar,o Ser e o Existir!

Doce sofrer

Sinto meu corpo trêmulo e frio
As horas parecem não estar ao meu favor
Estou em um corredor de hospital
Esperando impacientemente por respostas ainda não declaradas...

Olho para o lado,vejo uma família num pranto ininterrupto
Me veio um medo incontrolável,mas me conti
Respirei fundo,tomei coragem
e o olhei pelo vidro da U.T.I.

Que estranha sensação de impotência
De não poder ajudá-lo de algum modo
Mas acenei e demonstrei um sorriso singelo.
Foi a última vez que o vi respirar...

Mas não posso mais sofrer pela perda,
Se o destino de todos nós é a morte.
O que me resta agora é o conformismo
E que o sentido de ser Humano é dormir eternamente.

'Felicidade'

Passando despercebida entre a multidão,
Vejo rostos transbordados de um sorriso amarelo
Onde se escondem tristezas e uma solidão contida.
Como isso me soa falso e caquético!

Posso sentir a competição contínua pairando no ar
Onde o Ser não é mais o centro de tudo
Mas sim o Ter,que é chamado de 'felicidade'
Camuflada pela ganância e trapaças.

Sei que o mundo não foi feito para suportar
Tanta selvageria reluzente
Mas não há o que fazer.
Só nos resta esperar por uma luz no fim do mundo!