sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Vôo

A melodia dos meus sentidos
quietos,macios,intensos
pela ponta de meus ouvidos se derretem,
emergindo passagens uniformes.
Minha entrega aos sentidos se esmerou na seda das vigas
de notas melancólicas e explosivas.
Os sentidos estão aguçados por sensações afloradas,
em que cada soar acústico uma bolha se forma
carregando formas plúrimas
livre dos inquestionáveis vermes.
Sou agora a libélula intocável
onde vibrações me fazem flutuar
para o universo paralelo do belo.





quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sistema

Fito meus olhos em rostos sem sonhos.
Eles parecem se desmancharem através de destinos obscuros
que não clamam por liberdade.
No momento em que tudo é puxado para baixo,
são movidos por pensamentos rotineiros.
O caminho parece único:
nascimento,crescimento,estudos,trabalho e morte.
Não há variações de vida,
pois a monotonia dos costumes reina em cada esquina.
Se alguém procurar a fuga,
como uma presa que foge incessantemente de seu predador,
acaba sendo pego pelo sistema sem direito de escolha.
O que vejo nesses rostos sem sonhos é apenas uma coisa:
"Sou um fantoche,me coma!"



terça-feira, 19 de junho de 2012

O Prisma

O cristal de minha visão que estampava nas chamas
cobria as sementes pintadas de cinzas
onde descobriram o quão imponente o acaso seria
se não fosse o pigarro de minha cuspida.

Simplesmente olhei por entre as marcas de louça
que rachavam enquanto se aqueciam.
Pensei em desfazê-las nas mazelas da vida
mas fui impedida por milhares de enigmas
que riram da fadiga que martirizava a ferida.

Onde estão os fósseis que desenterrei do limbo?
Nem sequer os vi depois das chamas reluzentes que acendiam.
Cada vez mais me sinto presa aos delírios
que insistem em mutilar minhas pupilas mesquinhas e aquecidas.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Grilos

Habito em sólidos mimos
Mediocres em cinzas pálidas
Onde nada passa pela rua
A não ser grilos
Que saltitam em busca do anonimato
Deixando rastros medievais banais
Vendo o balbuciar do segredo da lua
Com seus desenhos reluzentes
Carregados de macetes que não pecam
Mas temem o imprevisível medo
Perdendo freios e cacos ao meio.



quinta-feira, 1 de março de 2012

O intervalo

A invisibilidade do ser humano
Tornou-se cotidiana
Podendo ser comparado com o vento
Que está ali frio e leve
mas ninguém vê
Passando despercebido
Por qual razão a existência tem forma,
Se todos são revestidos de concreto?
Preocupando-se apenas com cortesias falsas.
Onde está o verdadeiro?
Onde estão os sonhos?
Estão perdidos
A única certeza é o limbo
Que não passa de um enterno vazio
Cujo espaço nunca será preenchido.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Horizonte real

Pulsando pelos campos
Oriundos de crostas
Por mitigantes linhas
Onde o pólen sempre está forte
Não havia lugar qualquer
Que fosse normal ou real
Apenas horizontal
Sempre pulsante e sorrateiro
Como algo que não se assume
Ou se presume
Tem-se nessas linhas algo frouxo
Que ninguém miscigena
Mas simplismente calenta
Sois de ouro morto
Por papéis de porto.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Todos os capítulos

Nada aqui
Apenas minuciosas forcas
Com garras arredias e inertes
Sem fuga nem ruga
Somente o gelo frio e rígido
Não tendo noticia de melhora
Mas sim de cobras
Cuja raça se desdobra
Rastejando pela fantasia
De mentiras sórdidas
Onde cada ser é mastigado e engolido
Mas sem libido nem mito
Apenas um coagulo sinistro
Sendo cravado no sigilo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Identidade Intergalática

Sem rumo nem prumo
Sou guiada por estrelas
Onde meus pensamentos moribundos
São aquecidos por um ser ímpar

Com curiosidade ousei olhar através de sua alma
E,
enquanto apreciei esse momento
Me perdi através de um irresistível silêncio
Onde olhos acesos de nostalgia
Me convidaram a conhecer o novo.

Sem pressa nem magia
Olhei para o céu de estrelas vibrantes
Onde somente o eco melancólico do morro nos movia
E logo senti o sopro de ventos quentes
Transformando nossa existência em sinfonia.